quinta-feira, 10 de maio de 2012

Símbolos do Espírito 2: O Fogo



Este símbolo que, por ter efeitos tão radicais e também tão importantes para a vida do homem (ilumina e aquece, queima e destrói), foi incluído, ao longo da história da humanidade, na maior parte das culturas, no próprio culto, podendo ser associado tanto às forças divinas como às demoníacas.

Na simbologia do Antigo Testamento, o fogo era a imagem que melhor exprimia o ser e a ação de Deus: A sarça ardente (Ex 3,2), a coluna de fogo aspeto da magestade do Senhor (Ex 24, 17) e muitas outras (Cfr. Ez 24, 17; Jr 21, 12; Dt 32, 22; Is 66, 15, etc.).

No culto, o fogo era utilizado para queimar as ofertas no altar e o incenso no turíbulo (Lv 1, 7ss; 3,5; 6,9ss; I16, 12ss). Segundo o Povo de israel, Deus fazia-se presente no meio dele como um juiz que liberta e castiga. E o fogo transformou-se, precisamente, em expressão destes aspetos da sua atuação.

No Novo Testamento, encontramos o anúncio do batismo no Espírito Santo e com fogo (Mt 3, 11); Deus é apresentado como fogo devorador (e 12, 29); o prórpio Jesus diz que veio trazer o fogo à terra (Lc 12, 49); Ele virá em fogo ardente, e fará justiça aos que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho (2 Ts 1, 7-10). Uma expressão equivalente, utilizada pelos judeus, é gehenna, «lugar onde se queimava o lixo de Jerusalém» e que, na linguagem de Jesus, ser «lançados na gehenna» significava morte definitiva (Mc 9, 43-47). Em sentido positivo, é importante realçar que o fogo iluminador e inflamante do Espírito é, no Pentecostes, dador de Vida.

Com efeito, para os cristãos, o fogo que se acende na noite da Páscoa simboliza a luz-vida nova de Jesus Ressuscitado que ilumina o caminho do seu povo, tal como a coluna de fogo iluminava e transmitia calor ao Povo de Israel durante as noites da longa travessia pelo deserto. A imagem da vinda do Espírito Santo em forma de línguas de fogo, pode também ser relacionada com o início de uma nova vida, porque, ao queimar o pecado, a injustiça, a desigualdade e o ódio, e ao difundir compreensão e coragem para a Missão, gera um Povo totalmente renovado, nascido, precisamente, do Espírito.


Miguel Varela, Celebremos a Páscoa e o Pentecostes. Paulus: S. Paulo, 2001

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